domingo, 11 de outubro de 2015

Expansão Marítima Européia - Questões dissertativas

1. (UNICAMP 2010) Segundo o historiador indiano K.M.Panikkar, a viagem pioneira dos portugueses à Índia inaugurou aquilo que ele denominou como a época de Vasco da Gama da história asiática. Esse período pode ser definido como uma era de poder marítimo, de autoridade baseada no controle dos mares, poder detido apenas pelas nações européias.

(Adaptado de C.R. Boxer, O Império Marítimo Português, 1415-1835. Lisboa: Edições 70, 1972, p55.)

a) Quais fatores levaram à expansão marítima européia dos séculos XV e XVI?

b) Qual a diferença entre o domínio dos portugueses no Oriente e na América?


Resposta:

a) Os fatores que levaram à expansão marítima:

i) Precoce centralização política, o Rei cobrava os impostos e direcionava os investimentos da burguesia para o empreendimento e domínio das técnicas de navegação. ii) Romper o monopólio Árabe-Italiano sobre as mercadorias orientais (especiarias). iii) Buscar terras e novas minas de metais preciosos (ouro e prata). iv) Expandir a fé.

b) O domínio português no Oriente deu-se basicamente em localidades isoladas, apenas os entrepostos comerciais com objetivo básico de reabastecer a Europa com especiarias, sem a intenção de dominar grandes extensões de terras, colonizar, ou nem expandir a fé. Enquanto na América a intenção foi dominar grandes extensões de terra, colonizar e explorar as riquezas (por exemplo, pau-brasil e ouro), expandir a fé (exemplo, catequização dos índios) e escravizar os nativos para a mão de obra.




2. (UNICAMP 2009) Os motivos que levaram Colombo a empreender a sua viagem evidenciam a complexidade da personagem. A principal força que o moveu nada tinha de moderna: tratava-se de um projeto religioso, dissimulado pelo tema do ouro. O grande motivo de Colombo era defender a religião cristã em todas as partes do mundo. Graças às suas viagens, ele esperava obter fundos para financiar uma nova cruzada. (Adaptado de Tzvetan Todorov, “Viajantes e Indígenas”, em Eugenio Garin. O Homem Renascentista. Lisboa: Editorial Presença, 1991, p. 233.)
a) Segundo o texto, quais foram os objetivos da viagem de Colombo?

b) O que foram as cruzadas na Idade Média?


Respostas:

a) De acordo com o texto, com sua viagem, Colombo tinha como objetivos defender a religião cristã em todas as partes do mundo e obter fundos para financiar uma nova cruzada.

b) As cruzadas foram expedições militares com caráter de guerra santa, isto é, guerras dos cristãos contra os muçulmanos (infiéis). Como objetivo, por exemplo, podemos citar a retomada de Jerusalém na primeira cruzada que estavam em poder dos muçulmanos. As cruzadas acabaram se desviando do objetivo inicial, saqueando muitas cidades e as vendas dos produtos de saque, posteriormente, ocasionou em renascimento comercial.




3. (UNICAMP 2005) Uma vez terminada a Reconquista, o ímpeto espanhol encontrou na colonização americana o campo amplo onde aplicar sua energia; e nas cidades regulares do fim da Idade Média, como Granada, estava o esboço da grande tarefa urbanística hispanoamericana, que encheu um continente de cidades traçadas com rigor geométrico muito superior ao da metrópole. 

(Adaptado de Fernando Chueca Goitia, Breve História do Urbanismo. Lisboa: Editorial Presença, 1982, p. 99).

a) Segundo o texto, qual foi a grande tarefa urbanística hispano-americana?

b) Explique o que foi a Reconquista.
c) Indique duas edificações que caracterizavam a colonização ibérica no Novo Mundo.


Respostas:

a) A grande tarefa urbanística foi formar cidades com rigor geométrico, em geral mais elaborado que na metrópole.

b) A Reconquista foi a guerra ocorrida na Península Ibérica entre os séculos XI e XV, na qual se enfrentaram reinos cristãos e muçulmanos (ou árbes), motivada pela disput do domínio territorial da Península e, também, por questões religiosas.
c) Dentre as edificações da colonização ibérica no Novo Mundo, podemos citar: as igrejas, as universidades, casas de fundição, conventos e colégios católicos.




4. (UERJ)

Mar Português


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa)

O poema de Fernando Pessoa descreve aspectos da expansão marítima portuguesa no século XV, dando início a um movimento que alguns estudiosos consideram um primeiro processo de globalização. Identifique duas motivações para a expansão portuguesa e explique por que essa fase de expansão pode ser considerada um primeiro processo de globalização.


Resposta:
Dentre os fatores que impulsionaram Portugal para a expansão marítima destaca-se a busca por riquezas na costa africana (ouro, pimenta, marfim e escravos), a busca de um caminho marítimo para as Índias (especiarias) e a ideia de expansão da fé cristã católica. A exploração de novos territórios produziram trocas culturais, políticas e comerciais ampliando o mundo até então conhecido pelos europeus, configurando assim, um primeiro processo de globalização.



5. (UFRJ) Leia o texto adiante sobre a expansão comercial e marítima portuguesa e, com base nele, responda às questões a seguir. Em 1498, o português Vasco da Gama consegue chegar a Calicute, nas Índias, contornando o Cabo da Boa Esperança. Em seguida, as frotas portuguesas procuraram estabelecer um maior controle do oceano Índico. À medida que as rotas de navegação se consolidam, Portugal centraliza o comércio das especiarias alterando o papel a ser desempenhado pelas cidades de Gênova e Veneza. (THEODORO, J. "Descobrimentos e Renascimento". São Paulo: Contexto, 1991. p. 20. )

a) Mencione duas razões que explicam o pioneirismo português nas navegações e descobrimentos dos séculos XV e XVI.

b) Estabeleça uma relação entre práticas mercantilistas e a assim chamada expansão comercial e marítima.


Respostas:

a) O pioneirismo português nas Grandes Navegações pode ser explicado pela centralização política precoce de Portugal no contexto da Guerra de Reconquista contra os mouros (muçulmanos) na Península Ibérica. Além disso, ocorreu a consolidação e o fortalecimento do Estado Nacional com a Revolução de Avis (1383-1385) que promoveu uma aproximação entre o rei e a burguesia mercantil, condição que assegurava o gerenciamento da empreitada por parte do Estado e os recursos financeiros junto aos burgueses.

b) As conquistas decorrentes da Expansão Marítima e Comercial proporcionaram a possibilidade de aumento dos lucros para a burguesia mercantil e o aumento da arrecadação de impostos pelo Estado, adequando-se assim, à política econômica mercantilista.





6. (Unicamp) Contestando o Tratado de Tordesilhas, o rei da França, Francisco I, declarou em 1540: "Gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo." (Citado por Cláudio Vicentino, HISTÓRIA GERAL, 1991)

a) O que foi o Tratado de Tordesilhas?

b) Por que alguns países da Europa, como a França, contestavam aquele tratado?


Respostas:

a) O Tratado de Tordesilhas estabeleceu os limites das terras conquistadas e a serem conquistadas entre Portugal e Espanha.

b) Os países europeus excluídos dessa partilha, destacando-se a França, passam a questionar o tratado e a exigir o acesso às possessões coloniais de Portugal e da Espanha.





7. (Unicamp) A expansão marítima da Península Ibérica (Espanha e Portugal) nas Américas foi orientada por um projeto colonizador que, além da exploração econômica das terras, tinha por objetivo a imposição de uma cultura européia e cristã.

Qual foi o papel da Igreja Católica nesse projeto colonizador?


Resposta:

A Igreja Católica deu suporte para Portugal e Espanha concretizarem suas ambições mercantis e foi grande aliada dos estados europeus em questão no processo de europeização e cristianização que se estabeleceu no Novo Mundo.




8. (UFLA) [...]"Nela, até agora, não podemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem ferro lho vimos. Mas a terra em si é de muitos bons ares, frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho.[...] E em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Mas o fruto que nela se pode fazer, me parece, que será salvar esta gente, e esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar.
E que aí não houvesse mais do que ter aqui pousada para esta navegação de Calecute, bastaria quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé."

Pero Vaz de Caminha. Carta a El-Rei Dom Manuel I (1500)

No trecho final da Carta ao Rei de Portugal, comunicando o achamento da Ilha de Vera Cruz, o escrivão Pero Vaz de Caminha reafirmava os objetivos mercantil e religioso que norteavam a expansão marítima portuguesa nos séculos XV e XVI.
A partir do trecho acima, faça o que se pede.

a) Caracterize o objetivo mercantil da expansão marítima portuguesa, considerando a noção de monopólio ou exclusivo comercial.

b) Caracterize o objetivo religioso daquela expansão, tendo como referência a diferença feita pelos europeus entre infiel e pagão.


Respostas:

a)
A expansão marítima portuguesa se apresentava como o primeiro momento da expansão marítima européia, que em sua dimensão mercantil tinha como objetivo principal superar os limites e dificuldades enfrentados pela economia portuguesa em particular, e pela européia em geral, nos anos finais das Idade Média: os preços elevados dos produtos orientais; a escassez de metais preciosos, em particular a prata - base de troca no comércio oriental; a escassez de alimentos; a busca de produtos tintoriais, como o pau-brasil; o interesse em expandir os "negócios açucareiros"; a conquista de pontos fornecedores de escravos; entre outros. Uma expansão que revelava também as disputas de interesses entre os grupos de comerciantes e os soberanos europeus (reinos e/ou cidades-estados).
O avanço pelo Mar Tenebroso (oceano Atlântico), contornando o continente africano e, logo em seguida, em direção ao Oriente (as "Índias"), tinha como objetivo a conquista de pontos fornecedores desses produtos, garantindo a exclusividade ou o monopólio do seu fornecimento no mercado europeu, modo de garantir elevados lucros. O controle monopolista ou exclusivo desses produtos implicava o controle exclusivo dos roteiros marítimos que a eles conduziam.
Esta é a lógica que preside a assinatura do Tratado de Tordesilhas entres os soberanos português e espanhóis (1494) e o posterior "achamento" da Ilha de Vera Cruz (1500) - "pousada para esta navegação de Calecute"- modos de garantir o controle exclusivo ou monopolista da Rota do Cabo, isto é, a rota que conduzia ao Oriente ("o caminho marítimo até as Índias") por meio da posse exclusiva dos litorais africano e americano no Atlântico Sul.

b)
As navegações portuguesas apresentava-se também para a grande maioria dos seus participantes como condição de expansão da fé cristã, superando o "cerco" imposto pelos infiéis muçulmanos à Cristandade européia, que parecia assumir um ponto crítico com a queda de Constantinopla - a "segunda Roma", em 1453.
A expansão marítima portuguesa revestia-se, assim, do caráter de cruzada ao ir de encontro ao infiel muçulmano. Assumia, por outro lado, um caráter missionário ao ir ao encontro daqueles que eram vistos como pagãos, como os indígenas da Ilha de Vera Cruz - "cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé".





9. (UERJ/2012) Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da “descoberta” do Brasil é a seguinte: ela resultou de um acidente, de um acaso da sorte? Não, ao que tudo indica. Os defensores da casualidade são hoje uma corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a ocorrência de calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com 13 caravelas, bússola e marinheiros experimentados se perdesse em pleno oceano Atlântico e viesse bater nas costas da Bahia por acidente. Rejeitado o acaso como fonte de explicação no que tange aos objetivos da “descoberta”, fica de pé a seguinte pergunta: qual foi, portanto, a finalidade, a intenção da expedição de Cabral?

(Adaptado de LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. )

Os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI foram processos importantes para a construção do mundo moderno. A chegada dos portugueses ao Brasil decorre dos projetos que levaram diferentes nações europeias às grandes navegações. Formule uma resposta à pergunta do autor, ao final do texto: qual foi a finalidade da expedição de Cabral? Em seguida, cite dois motivos que justificam as grandes navegações marítimas nos séculos XV e XVI.


Resposta:

Garantir a posse de terras a oeste do Atlântico que pertenceriam a Portugal, segundo o Tratado de Tordesilhas, como estratégia para controle da rota atlântica que levava às Índias.

Dois dos motivos:

• busca de especiarias

• propagação da fé católica

• busca de metais preciosos

• busca de terras pela nobreza decadente

• busca de matérias-primas rentáveis para o comércio europeu

• afirmação do poder territorial por parte dos Estados modernos recém-implantado

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