domingo, 11 de outubro de 2015

Absolutismo Monárquico e Mercantilismo - Questões dissertativas

1. (UNICAMP 2007) Da Idade Média aos tempos modernos, os reis eram considerados personagens sagrados. Os reis da França e da Inglaterra “tocavam as escrófulas”, significando que eles pretendiam, somente com o contato de suas mãos, curar os doentes afetados por essa moléstia. Ora, para compreender o que foram as monarquias de outrora, não basta analisar a organização administrativa, judiciária e financeira que essas monarquias impuseram a seus súditos, nem extrair dos grandes teóricos os conceitos de absolutismo ou direito divino. É necessário penetrar as crenças que floresceram em torno das casas principescas. (Adaptado de Marc Bloch, Os reis taumaturgos. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 43-44.)

a) De acordo com o texto, como se pode compreender melhor as monarquias da Idade Média e da Idade Moderna?

b) O que significa “direito divino dos reis”?

c) Caracterize a política econômica das monarquias européias entre os séculos XVI e XVIII.


Respostas:

a) Os reis, além de concentrarem poderes sobre os seus súditos, eram considerados personagens sagrados.

b) O “direito divino dos reis” legitimou politicamente os poderes da monarquia, tornando-a incontestável, sob argumento de que o governo monárquico surgira do consentimento de Deus.

c) O mercantilismo foi a política econômica adotada pelas monarquias européias da Idade Moderna. Entre as suas principais características destacam-se: o intervencionismo, o monopólio do comércio, o protecionismo, a balança comercial favorável e o metalismo.



2. (UNICAMP-1998) No período histórico que se estende entre os séculos XVI e XVIII, com o fim do feudalismo e a consolidação dos Estados Nacionais, a doutrina econômica dominante foi o mercantilismo, que possuía como uma de suas características o metalismo.

a) Cite e explique duas outras características da doutrina mercantilista.

b) Em que consistia o metalismo?


Respostas:

a) Havia o protecionismo, proteger a produção nacional da concorrência estrangeira através de taxas alfandegárias altas e a balança comercial favorável, isto é, exportar mais que importar.

b) Era a concepção de que a fonte de riqueza de um Estado está na quantidade de metais preciosos por ele acumulados.




3. ) (Vunesp-2005) A longa crise da economia e da sociedade européias durante os séculos XIV e XV marcou as dificuldades e os limites do modo de produção feudal no último período da Idade Média. Qual foi o resultado político final das convulsões continentais dessa época? No curso do século XVI, o Estado absolutista emergiu no Ocidente. (Perry Anderson, Linhagens do Estado Absolutista.)

a) Identifique duas manifestações da crise do século XIV.

b) Aponte duas características do Estado absolutista.


Respostas:

a) A crise européia do século XIV foi marcada pela guerra (dos Cem Anos, entre Inglaterra e França), pela epidemia (a “peste negra”), pela fome (fruto de significativa mudança climática) e pela desaceleração do comércio europeu.

b) Entre as características do Estado absolutista, poderiam ser citadas: concentração do poder nas mãos do rei, identificado com o Estado; preservação de privilégios para uma aristocracia mantida em cargos administrativos; adoção da política econômica mercantilista; legitimação do Estado pela teoria do direito divino.





4. (UNICAMP-2003) O grande teórico do absolutismo monárquico, o bispo Jacques Bossuet, afirmou: “Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem, como ministros de Deus e seus representantes na terra. Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada e que atacá-lo é sacrilégio. O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar contas de seus atos a ninguém”.

(Citado em Coletânea de Documentos Históricos para o 1º Grau. São Paulo, SE/CENP, 1978, p.79).
a) Aponte duas características do Absolutismo monárquico.

b) Em que período o regime político descrito no texto esteve em vigor?

c) Cite duas características dos governos democráticos atuais que sejam diferentes das mencionadas no texto.


Respostas:
a) Concentração de poderes políticos nas mãos do monarca, e caráter divino do rei.

b) Antigo Regime (Séculos XV a XVIII). Época Moderna.

c) Divisão dos poderes em (poder Executivo, Legislativo e Judiciário), e direito ao voto (Cidadania).





5. (UNICAMP-1996) Todo o poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros de Deus e seus representantes na terra. Conseqüentemente, o trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus.

(Jacques Bossuet, POLÍTICAS TIRADA DAS PALAVRAS DA SAGRADA ESCRITURA, 1709)

(...) que seja prefixada à Constituição uma declaração de que todo o poder é originalmente concedido ao povo e, conseqüentemente, emanou do povo.

(Emenda Constitucional proposta por Madison em 8 de junho de 1789)

a) Explique a concepção de Estado em cada um dos textos.

b) Qual a relação entre indivíduo e Estado em cada um dos textos?


Respostas:

a) No primeiro temos uma concepção de um Estado absolutista em que o governante fundamenta seu governo em uma atribuição divina.

Enquanto que no segundo temos uma concepção liberal – democrática de governo onde o governante é escolhido através de referendo popular.

b) Na primeira concepção de Estado o indivíduo possui um papel passivo em relação ao Estado de submissão perante o governante.

Na segunda concepção o indivíduo possui um papel mais ativo em relação ao governo, já que ele escolhe através de eleições que o irá governar.

Povos Pré-colombianos - Questões dissertativas

1. (UFU-MG) "(...) Assim, não pense que foram tirados do poder, os bens e a liberdade (dos indígenas): e sim que Deus lhes concedeu a graça de pertencerem aos espanhóis, que os tornaram cristãos e que os tratam e os consideram exatamente como digo. (...) Ensinaram-lhes o uso do ferro e da candeia (...) Deram-lhes moedas para que saibam o que compram e o que vendem, o que devem e possuem. Ensinaram-lhes latim e ciências, que valem mais do que toda a prata e todo o ouro que eles tomaram. Porque, com conhecimentos, são verdadeiramente homens, e da prata nem todos tiravam muito proveito. (...)"

GÓMARA, Francisco López de. História General de las Índias.
Coletânea de Documentos para a História da América. São Paulo: CENP, 1978

O texto acima expressa uma forma de se ver a conquista e a colonização da América pelos espanhóis. A partir da análise do texto e de seus conhecimentos sobre este processo histórico,

a) faça um comentário sobre a visão antropocêntrica do autor, destacando a forma como os valores culturais de espanhóis e indígenas são tratados no texto.

b) identifique e caracterize uma das três principais sociedades indígenas conquistadas pelos espanhóis Maias, Astecas ou Incas - mostrando como viviam e se organizavam social e politicamente no período imediatamente anterior à conquista.

Respostas:
a) Enfatiza a visão eurocêntrica em relação aos indígenas americanos, sob a influência de valores cristãos e capitalistas, que pressupõem a inferioridade do indígena frente ao europeu.

b) As civilizações pré-colombianas organizavam-se em Impérios teocráticos com predomínio da servidão coletiva nas atividades agrícolas praticadas em complexos sistemas de irrigação. Os astecas destacaram-se por seu militarismo.





2. (UNICAMP 1994)



Tenochtitlán - Mural de Diego Rivera.
a) A respeito dos Astecas, comente as características urbanas de Tenochtitlán.

b) Por que foi fundamental para os espanhóis construir a cidade do México sobre Tenochtitlán?


Respostas:


a) Principal centro urbano-político da cultura asteca; possuía grandes construções tais como palácios, templos e uma urbanização bastante evoluída para os padrões da época (século XVI), chegando a contar com uma grande concentração populacionais, tendo mais habitantes do que a principal cidade espanhola nesse período.

b) A intenção era de sobreposição, mostrando-se como cultura dominante.




3. (UFG GO/2009) Leia a citação. Os astecas afirmavam que, alguns anos antes da chegada dos homens de Castela, houve uma série de prodígios e presságios anunciando o que haveria de acontecer. No pensamento do senhor Montezuma e dos astecas em geral os fatos pareciam avisar que era chegado o momento, anunciado nos códices, do regresso de Quetzalcóatl e dos deuses. Tal foi o quadro mágico no qual a conquista haveria de desenvolver-se e que condicionou a visão inicial do conquistador europeu pelos astecas.

LEÓN-PORTILLA, Miguel.
A conquista da América Latina vista pelos índios.
Petrópolis: Vozes, 1984, p. 16. (Adaptado).

Explique a mudança por que passou essa imagem inicial do conquistador europeu construída pelos astecas, após os primeiros momentos do encontro de ambos.


Resposta:

À medida que o conquistador foi revelando os seus propósitos, mediante ações de violência e cobiça, a associação do europeu com os deuses foi colocada em dúvida e logo negada pelos astecas.

Os conquistadores europeus passaram a ser vistos como estrangeiros, bárbaros (popolocas), que tinham vindo destruir sua cultura e o seu modo de vida. O exemplo dessa destruição foi a prisão e o assassinato de Montezuma por Hernán Cortéz. Em suma, a visão mágica foi substituída pela visão dramática e trágica






4. (UFSM-RS) "Os guerreiros constituíam um dos grupos mais importantes na sociedade asteca. No início, eram escolhidos entre os indivíduos mais corajosos e valentes do povo. Com o tempo, entretanto, a função de guerreiro começou a ser passada de pai para filho, e apenas algumas famílias, privilegiadas, mantiveram o direito de ter guerreiros entre os seus membros."

(KARNAL, Leandro. A Conquista do México. São Paulo: FTD, 1996. p. 13)

A partir da leitura do trecho acima, EXPLIQUE a estrutura da sociedade asteca, no século XV, a qual era:


Resposta:

A sociedade era hierarquizada e rigorosamente dividida. Era liderada por um imperador, chefe do exército. A nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Esta camada mais inferior da sociedade era coagida a exercer um trabalho compulsório para o imperador, quando este os convocava para trabalhos em obras públicas como canais de irrigação, estradas, templos, pirâmides, entre outros.




5. (UNICAMP-2000) A produção e a comercialização do açúcar, do tabaco e do café aparecem com destaque nos estudos sobre a colonização do Novo Mundo. Já algumas plantas nativas americanas, cujo cultivo foi responsável pela sedentarização e sobrevivência do homem em diversas partes do mundo, despertaram menor atenção entre os estudiosos.

a) Cite duas plantas nativas americanas importantes para a história da alimentação da Europa e do mundo e indique quais os povos americanos que as cultivavam.


Resposta:

a) As principais foram o milho e a batata. O milho foi cultivado pelos maias, astecas e incas. A batata, principalmente pelos incas.

Expansão Marítima Européia - Questões dissertativas

1. (UNICAMP 2010) Segundo o historiador indiano K.M.Panikkar, a viagem pioneira dos portugueses à Índia inaugurou aquilo que ele denominou como a época de Vasco da Gama da história asiática. Esse período pode ser definido como uma era de poder marítimo, de autoridade baseada no controle dos mares, poder detido apenas pelas nações européias.

(Adaptado de C.R. Boxer, O Império Marítimo Português, 1415-1835. Lisboa: Edições 70, 1972, p55.)

a) Quais fatores levaram à expansão marítima européia dos séculos XV e XVI?

b) Qual a diferença entre o domínio dos portugueses no Oriente e na América?


Resposta:

a) Os fatores que levaram à expansão marítima:

i) Precoce centralização política, o Rei cobrava os impostos e direcionava os investimentos da burguesia para o empreendimento e domínio das técnicas de navegação. ii) Romper o monopólio Árabe-Italiano sobre as mercadorias orientais (especiarias). iii) Buscar terras e novas minas de metais preciosos (ouro e prata). iv) Expandir a fé.

b) O domínio português no Oriente deu-se basicamente em localidades isoladas, apenas os entrepostos comerciais com objetivo básico de reabastecer a Europa com especiarias, sem a intenção de dominar grandes extensões de terras, colonizar, ou nem expandir a fé. Enquanto na América a intenção foi dominar grandes extensões de terra, colonizar e explorar as riquezas (por exemplo, pau-brasil e ouro), expandir a fé (exemplo, catequização dos índios) e escravizar os nativos para a mão de obra.




2. (UNICAMP 2009) Os motivos que levaram Colombo a empreender a sua viagem evidenciam a complexidade da personagem. A principal força que o moveu nada tinha de moderna: tratava-se de um projeto religioso, dissimulado pelo tema do ouro. O grande motivo de Colombo era defender a religião cristã em todas as partes do mundo. Graças às suas viagens, ele esperava obter fundos para financiar uma nova cruzada. (Adaptado de Tzvetan Todorov, “Viajantes e Indígenas”, em Eugenio Garin. O Homem Renascentista. Lisboa: Editorial Presença, 1991, p. 233.)
a) Segundo o texto, quais foram os objetivos da viagem de Colombo?

b) O que foram as cruzadas na Idade Média?


Respostas:

a) De acordo com o texto, com sua viagem, Colombo tinha como objetivos defender a religião cristã em todas as partes do mundo e obter fundos para financiar uma nova cruzada.

b) As cruzadas foram expedições militares com caráter de guerra santa, isto é, guerras dos cristãos contra os muçulmanos (infiéis). Como objetivo, por exemplo, podemos citar a retomada de Jerusalém na primeira cruzada que estavam em poder dos muçulmanos. As cruzadas acabaram se desviando do objetivo inicial, saqueando muitas cidades e as vendas dos produtos de saque, posteriormente, ocasionou em renascimento comercial.




3. (UNICAMP 2005) Uma vez terminada a Reconquista, o ímpeto espanhol encontrou na colonização americana o campo amplo onde aplicar sua energia; e nas cidades regulares do fim da Idade Média, como Granada, estava o esboço da grande tarefa urbanística hispanoamericana, que encheu um continente de cidades traçadas com rigor geométrico muito superior ao da metrópole. 

(Adaptado de Fernando Chueca Goitia, Breve História do Urbanismo. Lisboa: Editorial Presença, 1982, p. 99).

a) Segundo o texto, qual foi a grande tarefa urbanística hispano-americana?

b) Explique o que foi a Reconquista.
c) Indique duas edificações que caracterizavam a colonização ibérica no Novo Mundo.


Respostas:

a) A grande tarefa urbanística foi formar cidades com rigor geométrico, em geral mais elaborado que na metrópole.

b) A Reconquista foi a guerra ocorrida na Península Ibérica entre os séculos XI e XV, na qual se enfrentaram reinos cristãos e muçulmanos (ou árbes), motivada pela disput do domínio territorial da Península e, também, por questões religiosas.
c) Dentre as edificações da colonização ibérica no Novo Mundo, podemos citar: as igrejas, as universidades, casas de fundição, conventos e colégios católicos.




4. (UERJ)

Mar Português


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa)

O poema de Fernando Pessoa descreve aspectos da expansão marítima portuguesa no século XV, dando início a um movimento que alguns estudiosos consideram um primeiro processo de globalização. Identifique duas motivações para a expansão portuguesa e explique por que essa fase de expansão pode ser considerada um primeiro processo de globalização.


Resposta:
Dentre os fatores que impulsionaram Portugal para a expansão marítima destaca-se a busca por riquezas na costa africana (ouro, pimenta, marfim e escravos), a busca de um caminho marítimo para as Índias (especiarias) e a ideia de expansão da fé cristã católica. A exploração de novos territórios produziram trocas culturais, políticas e comerciais ampliando o mundo até então conhecido pelos europeus, configurando assim, um primeiro processo de globalização.



5. (UFRJ) Leia o texto adiante sobre a expansão comercial e marítima portuguesa e, com base nele, responda às questões a seguir. Em 1498, o português Vasco da Gama consegue chegar a Calicute, nas Índias, contornando o Cabo da Boa Esperança. Em seguida, as frotas portuguesas procuraram estabelecer um maior controle do oceano Índico. À medida que as rotas de navegação se consolidam, Portugal centraliza o comércio das especiarias alterando o papel a ser desempenhado pelas cidades de Gênova e Veneza. (THEODORO, J. "Descobrimentos e Renascimento". São Paulo: Contexto, 1991. p. 20. )

a) Mencione duas razões que explicam o pioneirismo português nas navegações e descobrimentos dos séculos XV e XVI.

b) Estabeleça uma relação entre práticas mercantilistas e a assim chamada expansão comercial e marítima.


Respostas:

a) O pioneirismo português nas Grandes Navegações pode ser explicado pela centralização política precoce de Portugal no contexto da Guerra de Reconquista contra os mouros (muçulmanos) na Península Ibérica. Além disso, ocorreu a consolidação e o fortalecimento do Estado Nacional com a Revolução de Avis (1383-1385) que promoveu uma aproximação entre o rei e a burguesia mercantil, condição que assegurava o gerenciamento da empreitada por parte do Estado e os recursos financeiros junto aos burgueses.

b) As conquistas decorrentes da Expansão Marítima e Comercial proporcionaram a possibilidade de aumento dos lucros para a burguesia mercantil e o aumento da arrecadação de impostos pelo Estado, adequando-se assim, à política econômica mercantilista.





6. (Unicamp) Contestando o Tratado de Tordesilhas, o rei da França, Francisco I, declarou em 1540: "Gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo." (Citado por Cláudio Vicentino, HISTÓRIA GERAL, 1991)

a) O que foi o Tratado de Tordesilhas?

b) Por que alguns países da Europa, como a França, contestavam aquele tratado?


Respostas:

a) O Tratado de Tordesilhas estabeleceu os limites das terras conquistadas e a serem conquistadas entre Portugal e Espanha.

b) Os países europeus excluídos dessa partilha, destacando-se a França, passam a questionar o tratado e a exigir o acesso às possessões coloniais de Portugal e da Espanha.





7. (Unicamp) A expansão marítima da Península Ibérica (Espanha e Portugal) nas Américas foi orientada por um projeto colonizador que, além da exploração econômica das terras, tinha por objetivo a imposição de uma cultura européia e cristã.

Qual foi o papel da Igreja Católica nesse projeto colonizador?


Resposta:

A Igreja Católica deu suporte para Portugal e Espanha concretizarem suas ambições mercantis e foi grande aliada dos estados europeus em questão no processo de europeização e cristianização que se estabeleceu no Novo Mundo.




8. (UFLA) [...]"Nela, até agora, não podemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem ferro lho vimos. Mas a terra em si é de muitos bons ares, frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho.[...] E em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Mas o fruto que nela se pode fazer, me parece, que será salvar esta gente, e esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar.
E que aí não houvesse mais do que ter aqui pousada para esta navegação de Calecute, bastaria quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé."

Pero Vaz de Caminha. Carta a El-Rei Dom Manuel I (1500)

No trecho final da Carta ao Rei de Portugal, comunicando o achamento da Ilha de Vera Cruz, o escrivão Pero Vaz de Caminha reafirmava os objetivos mercantil e religioso que norteavam a expansão marítima portuguesa nos séculos XV e XVI.
A partir do trecho acima, faça o que se pede.

a) Caracterize o objetivo mercantil da expansão marítima portuguesa, considerando a noção de monopólio ou exclusivo comercial.

b) Caracterize o objetivo religioso daquela expansão, tendo como referência a diferença feita pelos europeus entre infiel e pagão.


Respostas:

a)
A expansão marítima portuguesa se apresentava como o primeiro momento da expansão marítima européia, que em sua dimensão mercantil tinha como objetivo principal superar os limites e dificuldades enfrentados pela economia portuguesa em particular, e pela européia em geral, nos anos finais das Idade Média: os preços elevados dos produtos orientais; a escassez de metais preciosos, em particular a prata - base de troca no comércio oriental; a escassez de alimentos; a busca de produtos tintoriais, como o pau-brasil; o interesse em expandir os "negócios açucareiros"; a conquista de pontos fornecedores de escravos; entre outros. Uma expansão que revelava também as disputas de interesses entre os grupos de comerciantes e os soberanos europeus (reinos e/ou cidades-estados).
O avanço pelo Mar Tenebroso (oceano Atlântico), contornando o continente africano e, logo em seguida, em direção ao Oriente (as "Índias"), tinha como objetivo a conquista de pontos fornecedores desses produtos, garantindo a exclusividade ou o monopólio do seu fornecimento no mercado europeu, modo de garantir elevados lucros. O controle monopolista ou exclusivo desses produtos implicava o controle exclusivo dos roteiros marítimos que a eles conduziam.
Esta é a lógica que preside a assinatura do Tratado de Tordesilhas entres os soberanos português e espanhóis (1494) e o posterior "achamento" da Ilha de Vera Cruz (1500) - "pousada para esta navegação de Calecute"- modos de garantir o controle exclusivo ou monopolista da Rota do Cabo, isto é, a rota que conduzia ao Oriente ("o caminho marítimo até as Índias") por meio da posse exclusiva dos litorais africano e americano no Atlântico Sul.

b)
As navegações portuguesas apresentava-se também para a grande maioria dos seus participantes como condição de expansão da fé cristã, superando o "cerco" imposto pelos infiéis muçulmanos à Cristandade européia, que parecia assumir um ponto crítico com a queda de Constantinopla - a "segunda Roma", em 1453.
A expansão marítima portuguesa revestia-se, assim, do caráter de cruzada ao ir de encontro ao infiel muçulmano. Assumia, por outro lado, um caráter missionário ao ir ao encontro daqueles que eram vistos como pagãos, como os indígenas da Ilha de Vera Cruz - "cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé".





9. (UERJ/2012) Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da “descoberta” do Brasil é a seguinte: ela resultou de um acidente, de um acaso da sorte? Não, ao que tudo indica. Os defensores da casualidade são hoje uma corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a ocorrência de calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com 13 caravelas, bússola e marinheiros experimentados se perdesse em pleno oceano Atlântico e viesse bater nas costas da Bahia por acidente. Rejeitado o acaso como fonte de explicação no que tange aos objetivos da “descoberta”, fica de pé a seguinte pergunta: qual foi, portanto, a finalidade, a intenção da expedição de Cabral?

(Adaptado de LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. )

Os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI foram processos importantes para a construção do mundo moderno. A chegada dos portugueses ao Brasil decorre dos projetos que levaram diferentes nações europeias às grandes navegações. Formule uma resposta à pergunta do autor, ao final do texto: qual foi a finalidade da expedição de Cabral? Em seguida, cite dois motivos que justificam as grandes navegações marítimas nos séculos XV e XVI.


Resposta:

Garantir a posse de terras a oeste do Atlântico que pertenceriam a Portugal, segundo o Tratado de Tordesilhas, como estratégia para controle da rota atlântica que levava às Índias.

Dois dos motivos:

• busca de especiarias

• propagação da fé católica

• busca de metais preciosos

• busca de terras pela nobreza decadente

• busca de matérias-primas rentáveis para o comércio europeu

• afirmação do poder territorial por parte dos Estados modernos recém-implantado

Reforma Protestante - Questões dissertativas

1. (UNICAMP 2009) A base da teologia de Martinho Lutero reside na idéia da completa indignidade do homem, cujas vontades estão sempre escravizadas ao pecado. A vontade de Deus permanece sempre eterna e insondável e o homem jamais pode esperar salvar-se por seus próprios esforços. Para Lutero, alguns homens estão predestinados à salvação e outros à condenação eterna. O essencial de sua doutrina é que a salvação se dá pela fé na justiça, graça e misericórdia divinas. (Adaptado de Quentin Skinner, As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 288-290.)

a) Segundo o texto, quais eram as idéias de Lutero sobre a salvação?

b) Quais foram as reações da Igreja Católica à Reforma Protestante?


Respostas:

a) Segundo o texto, para Lutero, o homem não pode salvar-se por seus próprios esforços, mas pela fé na justiça divina. Lutero acreditava também na predestinação, isto é, alguns homens estariam predestinados à salvação e outros à condenação eterna.

b) Podemos citar vários aspectos de Contra-Reforma, tais como:

· Fundação de ordens religiosas como a Companhia de Jesuítas;

· Criação de seminários;

· Criação de índices dos livros proibidos;

· Reativação da inquisição;

· Expansão da fé cristã com Grandes Navegações em Terras Novas (Américas).




2. (UNICAMP 2007) Podemos ver nas heresias dos séculos XII e XIII uma tentativa de apontar os erros e os desvios da Igreja, como sua intervenção no poder secular à custa de sua missão espiritual. A natureza da sociedade feudal cristã conduzia à visão da heresia como quebra da ordem divina e social. A heresia era uma falta grave, equivalente, no plano religioso, à quebra de um juramento entre um vassalo e seu senhor, de tal modo que infidelidade religiosa e social se confundem. (Adaptado de Nachman Falbel, Heresias medievais. São Paulo: Perspectiva, 1977, p. 13-15.)

a) Identifique no texto duas características das heresias dos séculos XII e XIII.

b) Como a Igreja reprimia as heresias na Idade Média?

c) Como as reformas religiosas do século XVI contestaram a autoridade da Igreja?


Respostas:

a) Segundo o texto, pode-se dizer que as heresias podem ser caracterizadas como uma tentativa de apontar os erros e desvio da Igreja e como uma quebra da ordem divina e social.

b) A Igreja reprimia as heresias na Idade Média através do Tribunal da Inqisição, onde os subversivos eram julgados e condenados.

c) As reformas do século XVI contestaram a autoridade da Igreja, baseando-se no fato de haver a venda de indulgências (venda do perdão) e de cargos eclesiásticos, defendiam a livre interpretação da Bíblia e condenavam a usura (enriquecimento ilícito).




3. (Fuvest 2009) A Reforma religiosa do século XVI provocou na Europa mudanças históricas significativas em várias esferas. Indique transformações decorrentes da Reforma nos âmbitos

a) político e religioso;
b) sócio-econômico.

Respostas:

a) No âmbito político, favoreceu o fortalecimento da autoridade real em decorrência do enfraquecimento da Igreja Católica e ocorreram violentos conflitos religiosos envolvendo católicos e protestantes que influenciaram eventos como a migração de puritanos para as Treze Colônias Inglesas e a fundação da França Antártica no Brasil por huguenotes.

No âmbito religioso, promoveu o segundo grande cisma no interior da Cristandade devido o advento do protestantismo.

b) No âmbito socioeconômico, o calvinismo, através da Teoria da Predestinação, ao estabelecer a salvação condicionada à acumulação material, contribuiu para ajustar a moral cristã ao capitalismo nascente. O calvinismo foi rapidamente incorporado pela burguesia por justificar moralmente a acumulação primitiva de capital.




4. (UFES 2006) "A Reforma protestante do século XVI teve um duplo caráter de revolução social e revolução religiosa. As classes populares não se sublevaram somente contra a corrupção do dogma e os abusos do clero. Também o fizeram contra a miséria e a injustiça. Na Bíblia, não buscaram unicamente a doutrina da salvação pela fé, mas também a prova da igualdade original de todos os homens".

(HAUSE, H. apud MARQUES, A. et al. "História moderna através de textos". São Paulo: Contexto, 2001, p. 107.)

A Reforma protestante foi desencadeada por fatores sociais, políticos e religiosos difíceis de separar na História Moderna do século XVI. Com base no texto anterior, identifique e explique dois princípios doutrinários dessa Reforma que respondiam aos anseios sociais e religiosos do povo europeu da época.



Resposta:

- Doutrina da "Salvação pela fé, e não pelas obras";

- Doutrina do "Livre Exame".

A doutrina reformista da "salvação pela fé e não pelas obras" se opunha à doutrina tradicional da "salvação pela compra de indulgências" e consequente perdão papal. A salvação pela fé e não pelas "doações" à Igreja ou compra de cartas de indulgência oferece ao povo o canal religioso para a salvação individual por meio da contrição e penitência e para a contestação à instituição católica e sua autoridade feudal.

A doutrina reformista do "livre exame" condena o latim, de acesso restrito ao clero e aos homens ilustrados, e proclama o alemão, de acesso popular, como a língua oficial a ser usada nos ritos religiosos e nas Sagradas Escrituras. A tradução da Bíblia do latim para o alemão por Lutero oferece ao povo comum o acesso às Sagradas Escrituras e estabelece que a Verdade só poderia ser encontrada na palavra de Deus e não na palavra do Papa. Com a doutrina do "livre exame", difunde-se o princípio da igualdade entre os homens diante de Deus, propiciando a todos os cristãos o direito à busca individual da salvação, bastando a prática da contrição, da simplicidade e a fé. O "livre exame" faz emergir um novo princípio religioso, o do individualismo cristão.

Essas doutrinas protestantes, entre outras, fundamentam a Reforma e favorecem a revolução social e política em curso na Europa. No princípio do individualismo cristão defendido pelos reformistas, pobres, nobres e burgueses encontram o apoio moral necessário à libertação social, política e econômica da Igreja, principal representante do poder e da ordem feudais.

Uma vez que na Idade Média religião e sociedade se confundiam, a Reforma contribuiu para a deflagração da "revolução burguesa" na Europa, deixando o caminho aberto em direção à autonomia política dos Estados com relação a Roma, à liberdade social e a um novo tipo de riqueza: não mais a terra e o domínio territorial, mas o comércio e o dinheiro.





5. (Unicamp 1997) No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, professor de teologia da Universidade de Wittemberg, afixou na porta de uma igreja daquela cidade um documento em que eram expostas noventa e cinco teses. (Baseado em Elton, G.R., "Historia de Europa", México, Siglo Veintiuno, 1974, p.2.)

a) Que processo histórico o gesto de Lutero inaugurou?

b) Cite duas práticas adotadas pela igreja católica condenadas por Lutero.

c) Por que se considera que esse processo histórico acabou facilitando o desenvolvimento do capitalismo?


Respostas:

a) Reforma Protestante.

b) A prática da venda das Indulgências e a infalibilidade papal.

c) Porque libertou a burguesia das proibições eclesiásticas das práticas comerciais e bancárias.



6. (UFRJ 2001) Nos últimos dias, recebemos duas notícias extraídas de uma só raiz venenosa, a intolerância. A primeira assustou pela violência [...] das bombas enviadas contra a Anistia Internacional e outros defensores dos direitos civis. A segunda estarreceu os cristãos, com o anúncio do texto "Dominus Iesus" decretando o fim das árduas tentativas ecumênicas do Concílio Vaticano 2°. Não sei qual desses eventos ocasiona maior dor nas almas. As bombas crescem no solo fértil dos anátemas (maldições) religiosos, esse é o testemunho da história. Lendo os escritos emanados da Cúria Romana nesses últimos tempos, vemos um retorno ao séculos 16 e 17, época em que as fogueiras arderam em nome do amor. [...] creio ser o novíssimo documento do Vaticano uma reiterada abertura à imposição de crenças, em desafio ao ensino de Paulo: 'O temor da punição torna-se a nova regra, em prejuízo do dever da consciência' (Romanos 13 5).

Roberto Romano: "Os mestres da verdade.." in "Folha de São Paulo",Tendências/ Debates. 11 de setembro de 2000

Em 1545, diante da necessidade de fazer frente à expansão do protestantismo e de repensar as doutrinas e práticas da Igreja Católica, o Papa Paulo III convocou o Concílio de Trento, que organizou a chamada Contra-Reforma e cujas orientações guiaram os católicos durante séculos.

a) Explique uma medida adotada pela Igreja Católica a partir do Concílio de Trento que teve por objetivo a conter a expansão do protestantismo.


Resposta:

O Concílio de Trento teve por objetivo a conter a expansão do protestantismo, considerando:

- A utilização de ordens religiosas como agentes da "reconquista", notadamente dos jesuítas e capuchinhos, na Europa e com a fundação de missões na América e na Ásia;

- A reorganização do Tribunal do Santo Ofício, encarregado de combater as heresias, o protestantismo e o judaísmo; a criação da Congregação do Índex, organização eclesiástica encarregada de publicar a relação dos livros contrários à doutrina e, portanto, de leitura proibida aos católicos.





7. Como resposta ao movimento protestante, e também em atendimento à necessidade de adaptação aos novos tempos e de correção de algumas condutas, a Reforma Católica (Contra-Reforma) constituiu um movimento de reformulação doutrinal e administrativa no interior da Igreja. Essa nova orientação foi estabelecida pelo Concílio de Trento, assembléia de religiosos que se reuniu de 1545 a 1563. Instrumentos eficazes da Contra-Reforma foram o Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição) e a Companhia de Jesus.

(CAMPOS, F.; MIRANDA, R. A escrita da História. São Paulo: Escala Educacional, 2005, p. 168. Texto Adaptado.)

Em face dos novos rumos fixados pelo Concílio de Trento para a Igreja, elabore um pequeno texto, explicando os objetivos

A) do Tribunal do Santo Ofício;

B) da Companhia de Jesus.


Respostas:

A) O Concílio de Trento, na sua cruzada contra a expansão do protestantismo e das heresias, restabeleceu o Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição, órgão responsável identificar e julgar atos contrários à fé católica. O Tribunal elaborou o Index Librorum Proibitorum, conhecido apenas como Index, uma lista de livros considerados perigosos pela Igreja e que por isso foram retirados de circulação e queimados, sendo muitas vezes os autores encaminhados para julgamento. Agindo em conjunto com a Inquisição, os Estados monárquicos europeus promoviam a punição dos condenados, aplicando-se prisões, degredos e execuções. O Tribunal representou um braço importante da Igreja no sentido de detectar os possíveis focos de heresia e de judaização, reprimindo-os com rigor.

B) A Companhia de Jesus, por sua vez, foi fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Os membros da ordem, conhecidos com jesuítas, seguiam uma rígida disciplina que lembrava a das corporações militares, razão pela qual foram conhecidos como “soldados de Cristo”. A atuação da ordem se deu basicamente na América, África e Ásia e envolveu um intenso trabalho missionário por intermédio da fundação de colégios. O objetivo primordial da Companhia era promover a expansão da fé católica mediante a intervenção no sistema pedagógico das regiões em que atuavam, desempenhando um importante papel na catequese dos índios brasileiros e na formação educacional dos colonos leigos.




8. (UERJ 2015)



Nos séculos XVI e XVII, o surgimento e a expansão de diversas religiões cristãs, genericamente chamadas de protestantes, alteraram as condições políticas e sociais do Ocidente europeu.

Identifique dois efeitos políticos da expansão das Igrejas protestantes para as sociedades europeias. Apresente, ainda, uma das reações da Igreja Católica a essa expansão.

Respostas:

Dois dos efeitos políticos:

• divisão da cristandade ocidental

• forte apoio de grupos burgueses ao calvinismo

• rompimento entre dinastias reinantes e o papado

• ocorrência de guerras de religião em diversas regiões europeias

• apoio de setores da nobreza a religiões protestantes, principalmente ao luteranismo

• fortalecimento político de monarcas e nobres beneficiados pelo confisco de terras da Igreja Católica


Uma das reações:

• instituição do Índex

• reafirmação do poder do Papa

• convocação do Concílio de Trento

• condenação da venda de indulgências

• reformulação do Tribunal da Santa Inquisição

• criação de seminários para a formação do clero secular

• estímulo à ação de ordens religiosas missionárias, como a Companhia de Jesus




Renascimento Comercial e Urbano - Questões dissertativas

1. (EEM-SP) O surgimento das universidades medievais ocorre simultaneamente com o expansionismo europeu por meio das cruzadas, com o surgimento das cidades e com a expansão comercial. Como se explica essa correlação cronológica?

Resposta:

A expansão comercial e urbana ativou a efervescência cultural, que arruinaria a cultura monástica predominante, exigindo novos valores e conhecimentos, propiciados pelas novas instituições culturais, as universidades.



2. (EEM-SP) O surgimento das universidades medievais ocorre simultaneamente com o expansionismo europeu por meio das cruzadas, com o surgimento das cidades e com a expansão comercial. Como se explica essa correlação cronológica?

Resposta:

A expansão comercial e urbana ativou a efervescência cultural, que arruinaria a cultura monástica predominante, exigindo novos valores e conhecimentos, propiciados pelas novas instituições culturais, as universidades.



3. (Fuvest) A partir do século XI, na Europa Ocidental os poderes monárquicos foram lentamente se reconstituindo, e em torno deles surgiram os diversos Estados nacionais. Explique as razões desse processo de centralização política.

Resposta:

O motivo destas mudanças políticas foi o renascimento comercial, estimulado pela nova classe social, a burguesia. O renascimento provocou a decadência do feudalismo e dos poderes locais e universais.



4. (UNICAMP 2010) A partir do século IX, aumentou a circulação da ciência e da filosofia vindas de Bagdá, o centro da cultura islâmica, em direção ao reino muçulmano instalado no Sul da Espanha. No século XII, apesar das divisões políticas e das guerras entre cristãos e mouros que marcavam a península ibérica, essa corrente de conhecimento virou um rio caudaloso, criando uma base que, mais tarde, constituiria as fundações do Renascimento no mundo cristão. Foi dessa maneira que o Ocidente adquiriu o conhecimento dos antigos. No quadro pintado pelo italiano Rafael, A escola de Atenas (1.509), o pintor daria à Averróis, sábio muçulmano da Andaluzia, um lugar de honra, logo atrás do grego Aristóteles, cuja obra Averróis havia comentado e divulgado. (adaptado de David Levering, God’s Crucible: islam and the Making of Europe, 570-1215, New York: W.W.Norton, 2008, p. 368-69, 376-77).

a) Identifique no texto dois aspectos da relação entre cristãos e muçulmanos na Europa Medieval.

b) Relacione as características do Renascimento cultural europeu à redescoberta dos valores da Antiguidade Clássica.

Respostas:

a) Os dois aspectos que podemos notar entre os cristãos e muçulmanos na Europa medieval são: por um lado, os muçulmanos transmitiram os conhecimentos da antiguidade clássica ao ocidente cristão; por outro, sua presença na península ibérica deu origem a guerras, como a da Reconquista.

b) Podemos relacionar as seguintes características da Antiguidade Clássica presentes no Renascimento Cultural Europeu: a valorização da razão, o novo ideal de beleza baseado na arte antiga, a utilização de novas técnicas artísticas como a perspectiva, o antropocentrismo, entre outras características.




5. (UNICAMP 2004) Nas entradas de muitas cidades da Liga Hanseática, estava escrito: “O ar da cidade liberta”.

a) O que foi a Liga Hanseática?

b) Quais fatores impulsionaram o renascimento urbano europeu a partir do século XI?

c) Por que as cidades, naquele momento, eram concebidas como espaço da liberdade?

Respostas:

a) A liga Hanseática foi uma liga entre as principais cidades comerciais do norte da Europa ocidental.

b) Os principais fatores que impulsionaram o renascimento urbano europeu a partir do século XI foram: a diminuição das invasões bárbaras, a abertura das rotas comerciais do mediterrâneo com as cruzadas. As cruzadas no caminho de volta, vendiam os produtos de saques em feiras e muitas destas geralmente transformavam em novas cidades.

c) As pessoas que moravam nas cidades não tinham obrigações com os senhores feudais, eram livres do sistema feudal. A cidade não dependia quase nada dos senhores de terras, daí as cidades eram concebidas como espaço de liberdade.


Feudalismo - Questões dissertativas

1. (Fuvest-SP) A estrutura básica da sociedade feudal exprimia uma distribuição de privilégios e obrigações. Caracterize as três "ordens", isto é, camadas sociais que compunham essa sociedade.


Resposta:

Camada sociais da sociedade feudal: clero: o maior proprietário de terras e controlador da ideologia medieval; nobreza: os senhores proprietários que, junto com o clero, controlavam todo o poder feudal; servos: os trabalhadores dominados, submetidos a uma pesada tributação.



2. (Fuvest-SP) Qual a diferença entre as obrigações de um vassalo e as de um servo na sociedade feudal?

Resposta:

As obrigações de um vassalo compunham-se de compromissos de reciprocidade estabelecidos nas relações horizontais, ou seja, entre senhores. As obrigações servis, entretanto, definiam a condição de submissão dos camponeses (servos) e a sua exploração pelos membros da nobreza e do clero.




3. (UNICAMP 2010) Até o século XII, a mulher era desprezada por ser considerada incapaz para manejo de armas; vivendo num ambiente guerreiro, não se lhe atribuía outra função além de procriar. A sua situação não era mais favorável do ponto de vista espiritual; a igreja não perdoava Eva por ter levado a humanidade à perdição e continuava a ver em suas descendentes os acólicos do demônio.

(Adaptado de Pierre Bonassie, Amor cortês, em Dicionário de História Medieval Lisboa: Publicações D.Quixote, 1985, p.29-30)


a) Identifique no texto as razões para a mulher se considerada inferior na sociedade medieval.

b) Quais características da sociedade medieval configuram um “ambiente guerreiro” até o século XII?



Resposta:

a) De acordo com o texto, a mulher era considerada incapaz para manuseio de armas e inferior na sociedade medieval e porque, no âmbito religioso, a igreja associava toda mulher com a Eva que levou a humanidade à perdição.

b) O ambiente da sociedade medieval era guerreiro devido à fragmentação política no continente europeu. Com o fim do Império Romano, os reis perderam seu poder político, resultando em fragmentação territorial em feudos. Os nobres donos de pedaços de terra (senhores feudais) foram obrigados a garantir segurança contra invasões de bárbaros e muçulmanos formando seu próprio exército; fica assim configurado um “ambiente guerreiro”.





4. (Unicamp 2006) No contexto das invasões bárbaras do século X, os bispos da província de Reims registraram: "Só há cidades despovoadas, mosteiros em ruínas ou incendiados, campos reduzidos ao abandono. Por toda parte, os homens são semelhantes aos peixes do mar que se devoram uns aos outros." Naquele tempo, as pessoas tinham a sensação de viver numa odiosa atmosfera de desordens e de violência. O feudalismo medieval nasceu no seio de uma época conturbada. Em certa medida, nasceu dessas mesmas perturbações. (Adaptado de Marc Bloch, "A sociedade feudal". Lisboa: Edições 70, 1982, p. 19.)

a) Estabeleça as relações entre as invasões bárbaras e o surgimento do feudalismo.

b) Identifique duas instituições romanas que contribuíram para a formação do feudalismo na Europa medieval. Explique o significado de uma delas.


Respostas:

a) As "invasões bárbaras" no séculos IX e X, notadamente as invasões normandas (vikings), associadas às invasões sarracenas e magiares, contribuíram para acentuar o processo de ruralização das populações da Europa Ocidental, decorrendo daí, a consolidação das relações feudais de produção que já vinham se configurando desde as invasões germânicas no século V.

b) As vilas (Villae) propriedades rurais voltadas para a auto-suficiência e colonato, modalidade de meação que possibilitava a fixação do camponês à terra, através da hereditariedade.





5. (Unicamp 95) O feudo era a principal unidade de produção da Idade Média.

a) Como se dividia o feudo?

b) Explique a função de cada uma das partes do feudo.


Respostas:

a) Manso servil, senhorial, terras em descanso, bosques, vilas e o castelo, etc.

b) Terras do senhor, terras coletivas, habitantes prestadores de serviços, habitação do senhor, etc.






6. As invasões bárbaras ao Império Romano, nos séculos IV e V, propiciaram novas relações entre a cultura dos romanos e a dos povos bárbaros e provocaram profundas transformações na Europa Ocidental. Muitos historiadores tomam esses acontecimentos para demarcar o fim da Antigüidade e o início da Idade Média. Considerando os acontecimentos mencionados, atenda às solicitações abaixo.

A) Esclareça quem eram os bárbaros.

B) Comente duas mudanças que ocorreram na sociedade da Europa Ocidental a partir do contato com os bárbaros.
Respostas:

A) Os bárbaros (sob o ponto de vista dos romanos) eram povos estrangeiros sem conhecimento do latim, analfabetos e ignorantes, com costumes diversos à cultura romana e que viviam fora das fronteiras do Império Romano.

B) As transformações ocorridas na Europa Ocidental, a partir do contato com os bárbaros: a ruralização da sociedade; a fragmentação do Império Romano; a formação de diversos reinos germânicos; a descentralização do poder; as relações de suserania e vassalagem e as relações servis; a conversão dos povos bárbaros ao cristianismo e o conseqüente fortalecimento da Igreja Católica, entre outras.

Mundo Islâmico-Questões dissertativas

1. (Fuvest-SP) Ao longo da Idade Média, a Europa Ocidental conviveu com duas civilizações, às quais muito deve nos mais variados campos. Essas duas civilizações, bastante diferentes da Ocidental, contribuíram significativamente para o desenvolvimento experimentado pelo Ocidente, a partir do século XI, e para o advento da Modernidade no século XV.

a) Quais foram essas civilizações?
b) Indique suas principais características.

Respostas:

a) A civilização árabe (islâmica) e a bizantina (antigo Império Romano do Oriente)

b) Árabes: Estado e hierarquia social estruturados em bases religiosas, economia de excedentes dinamizada pelo comércio, urbanização, incorporação de elementos culturais do Oriente e do Ocidente, avanços significativos em diversos campos das ciências (da medicina à matemática, passando pela filosofia).
Bizantinos: Estado despótico, desenvolvimento da Igreja cristão do Oriente (ortodoxa, que se separou da Igreja católica romana), comércio sofisticado, centrado em Constantinopla, conservação do legado cultural romano, notadamente no campo do direito.


2. (FUVEST 1976) Explique porque a língua portuguesa, que é de origem latina, possui inúmeras palavras que provém do árabe. Dê dois exemplos de palavras árabes integradas ao português.

Resposta:

A língua portuguesa acabou integrando muitas palavras árabes, devido ao domínio islâmico (ocupação dos árabes) na Península Ibérica, resultado da expansão do islamismo.

Exemplos: algarismo, algoritmo



3. (UNESP) A Arábia, durante anos, viveu à margem do mundo antigo. A rapidez vertiginosa das conquistas não impediu a fraqueza relativa dos espaços ocupados. Demasiadamente extenso, o império árabe cedo se esfacelou, mas deixou as marcas da fé. Esclareça o principal objetivo de Maomé ao pregar o islamismo.

Resposta:

Acabar com o politeísmo e estabelecer o monoteísmo, ou seja, promover a unificação política e religiosa da Península arábica.




4. (UFG) A história do Mediterrâneo é a história das migrações populacionais e da circulação de valores de culturas distintas.Discorra sobre a expansão árabe, a partir da unificação islâmica na Idade Média.

Resposta:

No ano de 630 Maomé e seus seguidores ocuparam a cidade de Meca, destruíram os ídolos da Caaba, símbolos do politeísmo, e assim fundou-se o Islão - Estado Teocrático dos crentes. Esse fato é considerado como a unificação política e religiosa dos povos árabes, agora comandados pelo Califa.

O Expansionismo árabe iniciou-se logo após a morte de Maomé tanto em direção ao oriente como ao ocidente. As conquistas islâmicas se ampliaram sob os califas Omíadas (661 - 750) e foram preservadas pelos Abássidas, (750- 1258) apesar das diversas divisões políticas, iniciadas com a fundação do Emirado de Córdova em 756.

O processo expansionista foi fulminante, estimulado por interesses em dominar rotas de comércio, pela cultura do botim, pela Guerra Santa e também pela fraqueza dos adversários: O império Persa que desapareceu, O império Bizantino, que foi reduzido, perdendo seus territórios na Palestina e norte da África, e os Reinos Bárbaros da região do Magreb e da Península Ibérica, que foram derrotados. Na Europa, o expansionismo muçulmano foi contido pelos Francos, na famosa Batalha de Poitiers em 732. Durante a Dinastia dos Abássidas o comércio árabe atingiu grande extensão, destacando-se o comércio de especiarias com as Índias, as várias rotas de contato com Constantinopla e as várias rotas do norte africano pelo interior, realizado por caravanas, que traziam ouro para a cidade de Ceuta, objeto de interesse português no século X.

Apesar da centralização política e religiosa, a história do império árabe caracterizou-se por várias disputas pelo poder e consequentemente por divisões, de onde inclusive nasceram as duas seitas mais importantes do Islamismo: sunitas e xiitas.
 


5. (UFRN-1997) A religião islâmica foi originalmente pregada por Maomé entre os árabes da Península Arábica e hoje está presente em várias partes do mundo.

a) Caracterize o islamismo, indicando quatro preceitos originalmente pregados por essa religião.

b) Explique o processo da expansão árabe, na Idade Média, apresentando suas razões.

Respostas:

a) Dentre os preceitos do islamismo temos: a crença em um profeta, não cultuar imagens, dar esmolas, a crença no inferno.

b) A expansão árabe, foi motivada pelo crescimento populacional e a falta de terras férteis tudo sendo legitimado ideologicamente pela jihad (guerra santa), isto é, converter os infiéis.